O nosso investigador Telmo Morato juntou-se a um grupo de peritos, reconhecidos mundialmente, que após um esforço conjunto, vêm agora publicar na “npj Ocean Sustainability” os resultados desta colaboração para redefinir o conceito de sustentabilidade das pescas e propor 11 “regras de ouro” para redefinir o curso deste setor.
Este trabalho pretende reconhecer o fracasso do modelo atual de gestão de pescas, com base num conceito obsoleto de “pesca sustentável”, como é visível pelo reconhecimento mundial da pesca como principal causa de destruição do oceano. Como solução deixa medidas para assegurar que o setor se adapta a um mundo em rápida mudança, que protege os direitos dos pescadores artesanais e assegura segurança alimentar para as gerações futuras.
Estas 11 regras de ouro assentam em 2 princípios:
1) “A pesca deve minimizar os impactos nas espécies e nos ecossistemas marinhos, adaptar-se às alterações climáticas e assegurar a regeneração da vida e dos habitats marinhos depauperados”;
2) “A pesca deve beneficiar a saúde, o bem-estar e a resiliência dos seres humanos e das comunidades – em especial, dos mais vulneráveis – e não servir os interesses económicos das empresas, que concentram os lucros nas mãos dos seus proprietários e deixam os cidadãos assumir os custos”.
Os cientistas apelam a uma ação urgente, não só pelos decisores políticos, mas também por gestores de pescas e distribuidores. Numa altura em que cada vez mais os consumidores preocupam-se e querem ter informação sobre o impacto das suas escolhas, os supermercados têm um papel crucial ao alterar as suas políticas de aprovisionamento. “Os supermercados devem deixar de enganar os consumidores”, preveniu Pauline Bricault, responsável pela campanha da BLOOM nos mercados.